fatores sociais

No contexto da avaliação de imóveis, os fatores sociais no Environmental, Social and Governance (ESG) desempenham um papel essencial na determinação do valor e da sustentabilidade de um imóvel e devem requerer uma atenção particular pelo perito avaliador de imóveis certificado. Estes fatores, que abrangem desde as relações comunitárias até à proteção de dados, não só influenciam o entendimento do valor de um imóvel, mas também afetam a sua viabilidade a longo prazo e a atratividade para diferentes tipos de utilizadores. Ao considerar um imóvel, é crucial integrar estes aspetos sociais para obter uma avaliação completa e precisa.

João Fonseca | Perito avaliador de imóveis

As relações comunitárias representam um elemento central pois a ligação entre o imóvel e a comunidade circundante pode afetar significativamente a sua valorização. Um imóvel situado numa comunidade coesa e com boas infraestruturas sociais tende a ter um valor mais elevado. A cooperação entre os residentes, a presença de redes de apoio social, e a existência de serviços comunitários, como centros culturais e desportivos e comissões de moradores, são indicadores positivos que aumentam a atratividade do imóvel. Inversamente, imóveis localizados em áreas com tensões sociais ou conflitos podem ver o seu valor diminuído devido à perceção de insegurança ou desvalorização social.

O conflito, seja de natureza social, económica ou política, pode ter impactos profundos. Imóveis em áreas afetadas por conflitos tendem a sofrer uma desvalorização acentuada, não apenas pela instabilidade direta, mas também pela perceção de risco a longo prazo. Conflitos laborais, por exemplo, podem afetar negativamente a avaliação de um imóvel destinado a uso comercial ou industrial, devido à potencial interrupção das operações e à diminuição da produtividade.

A satisfação do cliente é outro fator social relevante, especialmente no sector residencial e comercial. O conhecimento da qualidade e de satisfação dos utilizadores anteriores de um imóvel pode ser um indicador crucial do seu valor atual e futuro. Imóveis que proporcionam uma experiência satisfatória, seja pela qualidade das infraestruturas ou pela adequação às necessidades dos ocupantes, tendem a ser mais valorizados no mercado.

proteção de dados e a privacidade são preocupações crescentes no contexto da avaliação de imóveis, especialmente com o avanço das tecnologias inteligentes e da conectividade digital. Imóveis que integram sistemas de segurança robustos, garantindo a proteção de dados pessoais e privacidade dos ocupantes, podem ser considerados mais seguros e, portanto, mais valiosos. Em contraste, imóveis que não garantem adequadamente a proteção de dados podem sofrer uma desvalorização devido ao aumento do risco de violações de privacidade.

O desenvolvimento do capital humano, incluindo saúde e educação, influencia diretamente a atratividade de um imóvel. A proximidade a instituições de ensino de qualidade e a serviços de saúde eficazes é altamente valorizada, sobretudo em imóveis residenciais. A presença destas infraestruturas não só aumenta o valor de mercado do imóvel, mas também melhora a qualidade de vida dos seus ocupantes, tornando-o uma opção mais desejável.

O envolvimento dos colaboradores e as condições de trabalho são fatores críticos na avaliação de imóveis destinados a usos comerciais e industriais. Um ambiente de trabalho que promove o bem-estar dos colaboradores, assegura condições de trabalho justas e favorece o envolvimento dos trabalhadores pode elevar a produtividade e, consequentemente, aumentar o valor do imóvel. Imóveis que oferecem um ambiente de trabalho saudável, com acesso a luz natural, ventilação adequada e espaços de descanso, são preferidos por empresas que valorizam o capital humano.

A igualdade de género e racial é um aspeto importante que, embora muitas vezes subestimado, pode influenciar o valor de um imóvel. Imóveis que promovem um ambiente inclusivo e diversificado, seja através do design acessível ou de políticas corporativas inclusivas, tendem a ser mais atraentes para uma gama diversificada de utilizadores, aumentando assim a sua valorização.

A saúde e o bem-estar dos ocupantes de um imóvel, bem como a observância dos direitos humanos, são elementos essenciais que não podem ser negligenciados. Um imóvel que proporciona um ambiente seguro, saudável e respeitador dos direitos dos seus ocupantes é naturalmente mais valorizado. Este respeito pelos direitos humanos estende-se também à garantia de condições de trabalho adequadas e um ambiente de trabalho justo.

Em resumo, os fatores sociais no contexto da ESG são determinantes para uma avaliação imobiliária completa e sustentável. A consideração destes aspetos permite uma avaliação que não só reflita o valor económico do imóvel, mas também a sua capacidade de proporcionar uma experiência de vida ou de trabalho positiva e responsável a longo prazo.

Este artigo foi elaborado por João Fonseca, perito avaliador de imóveis e perito aval\iador de máquinas e equipamentos, registado na CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) com o registo PAI/2010/0019, membro 7313161 do RICS (Royal Institution of Chartered Seurveyors), RICS Registered Valuer, membro da TEGoVA e European Registered Valuer REV-PT/ASAVAL/2023/8, Vogal do Conselho Fiscal, Disciplinar e Deontológico da ANAI (Associação Nacional de Avaliadores Imobiliários), Perito da Bolsa de Avaliadores da Câmara Municipal de Lisboa, Associate Thinker no blogue out-of-the-boxthinking.blogspot.pt. É coautor do livro “Reabilitação urbana sustentável”, ISBN 978-989-8414-10-6. Possui uma Pós-Graduação em “Gestão e Avaliação no Imobiliário” pela Católica Porto Business School e tem o curso de formação em “Avaliação Imobiliária” pela Escola Superior de Atividades Imobiliárias. Tem escritórios na Rua Pinto Bessa, 522, RC, Centro, Esquerdo, 4300-428 Porto e na Rua Visconde de Santarém, 75 C, 1000-286 Lisboa. É formador em avaliação imobiliária na empresa Domínio Binário. A Lei n.º 153/2015 de 14 de setembro regula o acesso e o exercício da atividade e a profissão dos peritos avaliadores de imóveis que prestem serviços a entidades do sistema financeiro nacional.

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