Por várias vezes mencionamos os Fluxos de Caixa Descontados (DCF) como uma ferramenta utilizada pelo perito avaliador de imóveis para estimar o valor de ativos imobiliários. No entanto, existem opções a considerar, e uma delas é se devemos utilizar preços constantes ou preços correntes nas nossas estimativas.
(Nós optamos por utilizar preços constantes!)
Os DCF podem ser elaborados a preços constantes, geralmente com base nos preços do ano zero (metodologia de preços constantes), ou a preços correntes, incorporando a inflação prevista para o período do projeto (metodologia a preços correntes).
A metodologia a preços constantes é mais simples e elimina a incerteza associada à previsão da inflação futura. Essa abordagem é especialmente útil e adequada em períodos de inflação alta e instável (provavelmente alguns leitores não saberão que nos inícios da década de oitenta, do século passado, a taxa de inflação chegou a ultrapassar os 30% e que em tempos recentes teve valores superiores a 7%).
Quando efetuamos as estimativas com preços constantes, a atualização nos DCF deve ser realizada com base em taxas reais. A dificuldade reside no facto de que as taxas de juro do mercado são expressas em termos nominais, sendo, assim, imprescindível obter a taxa de juro real.
A transformação de uma taxa nominal numa taxa real é obtida através da fórmula de Fisher:
Taxa de juro real = [(1 + Taxa de juro nominal) / (1 + Taxa de inflação)] – 1
Em jeito de conclusão, temos de referir que os DCF calculados a preços correntes devem ser atualizados com taxas de juro nominais, enquanto os DCF calculados a preços constantes devem ser atualizados com taxas de juro reais. É também importante ter em conta que, na estimativa do valor de ativos imobiliários (na ótica do imóvel) através do DCF, não se introduz o efeito fiscal (nem mesmo encargos financeiros, defendemos nós!). Além disso, uma vez que a taxa de inflação afeta igualmente todas as rubricas do DCF, o resultado é o mesmo, quer os cálculos sejam feitos a preços correntes, quer sejam feitos a preços constantes.
Em resumo, ao utilizarmos preços constantes nas nossas estimativas com DCF, podemos obter uma análise mais precisa e menos afetada pela incerteza da inflação futura. No entanto, é importante garantir a correta atualização das taxas de juro nominais para taxas reais, de modo a obtermos resultados fidedignos. A escolha entre preços constantes ou preços correntes dependerá das características específicas do projeto e do contexto económico em que este se insere.