Ao ler este título, talvez o leitor pense que vai assistir a uma crónica de escárnio e maldizer. À palavra “figurões” atribui-se normalmente uma carga pejorativa que, de facto, não tem. Segundo os dicionários, “figurão” é alguém que faz boa figura, que teve um comportamento exemplar, de quem faz boa figura.
Porquê este título? É um gatilho para sugerir ao leitor a visita a este artigo.
Esta semana que termina, quer Ricardo Guimarães, quer José Cardoso Botelho fizeram boa figura, que deve deixar orgulhoso quem efetivamente se preocupa com os desafios do imobiliário.

Como registo de interesses, devo dizer que conheço Ricardo Guimarães, mas com quem não tenho qualquer relação profissional. Já José Cardoso Botelho não conheço de parte alguma, nem nunca privei com ele (ser amigo no Linkedin não quer dizer que se é amigo na vida real).
Mas vamos por partes.
Ricardo Guimarães teve pelo menos duas intervenções públicas esta semana.
A primeira intervenção num debate na RR, em que participou, entre outros, a Deputada Mariana Mortágua. De uma forma absolutamente linear, sem nenhuma demagogia, desmontou claramente os “sound bytes” da extrema esquerda parlamentar, que afirma, na sua ignorância, que as soluções para os problemas da habitação se resumem a proibir os Golden Visa, a proibir a compra de imóveis por comprador estrangeiros e, imagine-se, a obrigar os senhorios a arrendar as suas casas.
A segunda participação, no programa “É ou não é” da RTP, continuou na mesma linha, com a coragem de desmistificar os números que aparecem na imprensa e que conduzem a leituras precipitadas e erradas. Por exemplo quando falam de aumentos brutais dos valores de arrendamento, esquecendo-se do ponto de partida.
Quanto a José Cardoso Botelho, o destaque vai para um paper que escreveu com o título “Ideias para o setor imobiliário nacional”. É um excelente contributo para, como diz o autor, “o que pode e deve ser feito para aumentar a oferta de mais imobiliário a custos mais acessíveis, especialmente, no arrendamento”.
Na retórica parlamentar de extrema esquerda é recorrente afirmar-se que os empresários só pedem benefícios fiscais e outras benesses financeiras, para que se possa construir mais habitação, nomeadamente a custos acessíveis para a generalidade da população, e que os fundos de investimento são uma praga que deve ser erradicada. José Cardoso Botelho desconstrói estes mitos e eu, perito avaliador de imóveis, mas também cidadão, já só peço que sejam aplicadas as sugestões apresentadas, que não têm custos para o erário público. A começar por:
“
a) Todos os 308 Concelhos de Portugal aplicarem as mesmas regras na apresentação de projetos a licenciamento, bem como, emissão das necessárias licenças (infraestruturas, construção, utilização, etc.). Atualmente, cada Concelho tem regras próprias.
b) Necessidade de reforma, compilação e sistematização da legislação que é avulsa, numerosa, dispersa e, por vezes, contraditórias, tornando-a mais clara, objetiva e de fácil consulta.”
“O RGEU perfaz, atualmente, 71 anos. Urge atualizar e simplificar.”
Agradeço aos figurões!
Este artigo foi elaborado por João Fonseca, perito avaliador de imóveis e perito avaliador de máquinas e equipamentos, registado na CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) com o registo PAI/2010/0019, membro 7313161 do RICS (Royal Institution of Chartered Seurveyors), RICS Registered Valuer, membro da TEGoVA e European Registered Valuer REV-PT/ASAVAL/2023/8, Vogal do Conselho Fiscal, Disciplinar e Deontológico da ANAI (Associação Nacional de Avaliadores Imobiliários), Perito da Bolsa de Avaliadores da Câmara Municipal de Lisboa, Associate Thinker no blogue out-of-the-boxthinking.blogspot.pt. É coautor do livro “Reabilitação urbana sustentável”, ISBN 978-989-8414-10-6. Possui uma Pós-Graduação em “Gestão e Avaliação no Imobiliário” pela Católica Porto Business School e tem o curso de formação em “Avaliação Imobiliária” pela Escola Superior de Atividades Imobiliárias. Tem escritórios na Rua Pinto Bessa, 522, RC, Centro, Esquerdo, 4300-428 Porto e na Rua Visconde de Santarém, 75 C, 1000-286 Lisboa. É formador em avaliação imobiliária na empresa Domínio Binário. A Lei n.º 153/2015 de 14 de setembro regula o acesso e o exercício da atividade e a profissão dos peritos avaliadores de imóveis que prestem serviços a entidades do sistema financeiro nacional.