EBITDA vs. Free Cash Flow

O uso do EBITDA (Lucros antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) em vez do Free Cash Flow (FCF) pelo perito avaliador de imóveis certificado na avaliação de hotéis tem-se tornado cada vez mais comum, devido à sua simplicidade, comparabilidade e foco na operação do negócio. Na hotelaria, onde a eficiência operacional é essencial para o desempenho financeiro, o EBITDA destaca-se por oferecer uma visão clara da capacidade de geração de lucro das operações principais, excluindo fatores como juros, impostos ou amortização, que podem variar significativamente de hotel para hotel.

João Fonseca | Perito avaliador de imóveis | EBITDA vs. Free Cash Flow na Avaliação de Hotéis

A principal vantagem do EBITDA é o seu foco nas operações fundamentais, permitindo que se avalie a rentabilidade de um hotel sem a influência de elementos não operacionais, como o financiamento ou a estrutura fiscal. Ao isolar as operações diárias, o EBITDA fornece uma imagem limpa e comparável da performance do hotel, especialmente em situações onde a localização ou o tipo de hotel podem resultar em diferentes regimes fiscais ou estruturas de amortização.

Outro benefício do EBITDA é a sua comparabilidade entre hotéis. O setor hoteleiro é extremamente diverso, e as condições financeiras, como taxas de imposto e níveis de financiamento, podem variar muito. O uso do EBITDA permite comparações diretas entre diferentes hotéis, independentemente da sua localização ou das suas condições financeiras. Por exemplo, dois hotéis em áreas geográficas distintas, com regimes fiscais diferentes, podem ser comparados de forma justa quando se usa o EBITDA como métrica.

Além disso, o EBITDA simplifica o processo de avaliação em transações financeiras. É comum no setor hoteleiro o uso de múltiplos de EBITDA, como o EV/EBITDA (Valor da Empresa sobre EBITDA), para determinar o valor de mercado de um hotel. Este indicador facilita o cálculo do valor de um ativo, focando-se na capacidade de gerar receitas operacionais, o que é particularmente útil em negociações rápidas ou quando se comparam ativos semelhantes.

Em contraste, o Free Cash Flow (FCF), embora uma métrica importante para medir a capacidade de geração de caixa, é menos utilizado na avaliação direta de hotéis devido a alguns desafios. O FCF inclui variáveis como despesas de capital (CapEx) e alterações no capital circulante, que podem variar significativamente entre hotéis. Um hotel mais antigo, por exemplo, pode necessitar de mais despesas de manutenção, o que reduz o seu FCF, mesmo que tenha um excelente desempenho operacional. O EBITDA, por não considerar essas despesas, oferece uma visão mais estável e consistente do desempenho operacional.

Outra desvantagem do FCF é a sua dependência das alterações no capital circulante, que podem ser voláteis no setor hoteleiro, especialmente devido à sazonalidade. Estas variações podem distorcer a análise de rentabilidade de um hotel, tornando o FCF menos previsível do que o EBITDA. Além disso, o FCF é mais complexo de interpretar, dado que requer uma análise detalhada de vários fatores financeiros, o que dificulta a sua utilização em comparações rápidas.

Na avaliação de hotéis, o EBITDA tornou-se uma ferramenta essencial, pois oferece uma imagem clara e comparável da capacidade de um hotel gerar lucro das suas operações, sem interferências de fatores financeiros externos. O EBITDA permite aos investidores e avaliadores avaliar a eficiência operacional de um hotel, compará-lo com outros hotéis e facilitar transações financeiras usando múltiplos de EBITDA. Embora o Free Cash Flow continue a ser uma métrica importante para medir a capacidade de gerar caixa, o EBITDA oferece uma visão mais simples, direta e comparável, focando-se no desempenho operacional – o que, no caso da hotelaria, é muitas vezes o fator mais importante para determinar o sucesso e valor de um hotel.

Em resumo, o EBITDA é preferido na avaliação de hotéis porque oferece uma análise clara do desempenho operacional e permite comparações simples e justas entre diferentes ativos, enquanto o Free Cash Flow é mais útil para uma análise de longo prazo da geração de caixa, mas pode ser influenciado por fatores que distorcem a avaliação.

Este artigo foi elaborado por João Fonseca, perito avaliador de imóveis e perito avaliador de máquinas e equipamentos, registado na CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) com o registo PAI/2010/0019, membro 7313161 do RICS (Royal Institution of Chartered Seurveyors), RICS Registered Valuer, membro da TEGoVA e European Registered Valuer REV-PT/ASAVAL/2023/8, Vogal do Conselho Fiscal, Disciplinar e Deontológico da ANAI (Associação Nacional de Avaliadores Imobiliários), Perito da Bolsa de Avaliadores da Câmara Municipal de Lisboa, Associate Thinker no blogue out-of-the-boxthinking.blogspot.pt. É coautor do livro “Reabilitação urbana sustentável”, ISBN 978-989-8414-10-6. Possui uma Pós-Graduação em “Gestão e Avaliação no Imobiliário” pela Católica Porto Business School e tem o curso de formação em “Avaliação Imobiliária” pela Escola Superior de Atividades Imobiliárias. Tem escritórios na Rua Pinto Bessa, 522, RC, Centro, Esquerdo, 4300-428 Porto e na Rua Visconde de Santarém, 75 C, 1000-286 Lisboa. É formador em avaliação imobiliária na empresa Domínio Binário. A Lei n.º 153/2015 de 14 de setembro regula o acesso e o exercício da atividade e a profissão dos peritos avaliadores de imóveis que prestem serviços a entidades do sistema financeiro nacional.

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