prémio de risco de mercado

Com base na edição mais recente do estudo conduzido por Pablo Fernandez, Diego García e Lucía F. Acin (IESE Business School), sobre os prémios de risco de mercado (Market Risk Premium, MRP) e as taxas livres de risco (Risk-Free Rate, RF) utilizadas em 2025 para 54 países, importa atualizar os valores anteriormente divulgados no artigo que escrevi em setembro de 2024 (Prémios de risco de mercado e taxas livres de risco).

João Fonseca | Perito avaliador de imóveis certificadoEm Portugal, os resultados obtidos através de 28 respostas válidas indicam um MRP médio de 5,6% e uma taxa livre de risco média de 3,2%, perfazendo um valor médio agregado de 8,8%. A mediana situa-se nos 8,9%, com uma amplitude entre um mínimo de 6,5% e um máximo de 10,3%. Estes dados representam um ligeiro acréscimo face à edição anterior do estudo, na qual o MRP era de 5,2% e o RF de 2,6%, com um valor médio agregado de 7,8%.

Este aumento é consistente com a tendência observada noutros países europeus e poderá refletir tanto uma perceção mais prudente quanto ao risco de mercado como o impacto de ajustamentos monetários e geopolíticos. O aumento da taxa livre de risco em Portugal em 2025 poderá estar associado não só à persistência de taxas de juro de referência elevadas no espaço europeu, mas também a fatores internacionais que contribuíram para um ambiente de incerteza nos mercados financeiros.

Entre os fatores externos mais relevantes destaca-se a reeleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, em novembro de 2024, e a subsequente adoção de políticas económicas e comerciais disruptivas. A imposição de tarifas generalizadas sobre importações, o aumento do défice orçamental norte-americano, a perda do rating AAA dos EUA e a deterioração da credibilidade fiscal daquele país levaram à subida das yields das obrigações do Tesouro americano, que servem de referência para os mercados internacionais. Paralelamente, a intensificação dos conflitos armados na Ucrânia e no Médio Oriente, nomeadamente na Faixa de Gaza, reforçou a perceção de risco sistémico e originou uma procura global por ativos mais seguros, com impactos nos custos de financiamento e nas curvas de rendimento soberanas.

O estudo, baseado num inquérito realizado em abril de 2025 com mais de 1.500 respostas válidas, recolhe práticas efetivas de analistas financeiros, professores universitários e profissionais do sector. Importa realçar que este levantamento se centra no conceito de prémio de risco requerido (Required Equity Premium, REP), ou seja, o diferencial de retorno exigido pelos investidores entre um ativo de mercado diversificado e um ativo livre de risco. Esta abordagem é particularmente relevante para efeitos de planeamento financeiro e de avaliação de investimentos.

Para os peritos avaliadores de imóveis certificados, os valores agora reportados constituem uma referência útil na aplicação de metodologias baseadas em rndimento, permitindo fundamentar parâmetros críticos com base em informação estatisticamente recolhida e atualizada.

Fonte: Fernandez, P., Garcia, D. & Acin, L.F. (2025), Market Risk Premium and Risk-Free Rate used for 54 countries in 2025, IESE Business School. Disponível em https://ssrn.com/abstract=5260463

Este artigo foi elaborado por João Fonseca, perito avaliador de imóveis e perito avaliador de máquinas e equipamentos, registado na CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) com o registo PAI/2010/0019, membro 7313161 do RICS (Royal Institution of Chartered Seurveyors), RICS Registered Valuer, membro da TEGoVA e European Registered Valuer REV-PT/ASAVAL/2023/8, Vogal do Conselho Fiscal, Disciplinar e Deontológico da ANAI (Associação Nacional de Avaliadores Imobiliários), Perito da Bolsa de Avaliadores da Câmara Municipal de Lisboa, Associate Thinker no blogue out-of-the-boxthinking.blogspot.pt. É coautor do livro “Reabilitação urbana sustentável”, ISBN 978-989-8414-10-6. Possui uma Pós-Graduação em “Gestão e Avaliação no Imobiliário” pela Católica Porto Business School e tem o curso de formação em “Avaliação Imobiliária” pela Escola Superior de Atividades Imobiliárias. Tem escritórios na Rua Pinto Bessa, 522, RC, Centro, Esquerdo, 4300-428 Porto e na Rua Visconde de Santarém, 75 C, 1000-286 Lisboa. É formador em avaliação imobiliária na empresa Domínio Binário. A Lei n.º 153/2015 de 14 de setembro regula o acesso e o exercício da atividade e a profissão dos peritos avaliadores de imóveis que prestem serviços a entidades do sistema financeiro nacional.

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