sustentabilidade

A avaliação imobiliária tem evoluído ao longo dos anos, acompanhando as mudanças no mercado e as novas necessidades dos investidores e proprietários. Um aspeto emergente que está a ganhar relevância é a integração da sustentabilidade nas práticas de avaliação imobiliária, numa altura em que os governos e autoridades locais estão cada vez mais a implementar regulamentos que incentivam ou exigem práticas sustentáveis. Propriedades que já cumprem estes regulamentos têm uma vantagem competitiva e podem evitar custos associados a futuras adaptações.

blank

 

A sustentabilidade no setor imobiliário refere-se a práticas e características que promovem a eficiência energética, a redução de emissões de carbono, a utilização de materiais sustentáveis e a criação de ambientes saudáveis e confortáveis para os utilizadores dos espaços. São exemplos destas práticas a instalação de painéis solares e bombas de calor, isolamento térmico eficiente, sistemas de água de baixo consumo e certificações ambientais como LEED ou BREEAM.

Edifícios com alta eficiência energética tendem a ter custos operacionais mais baixos, o que aumenta a sua procura por compradores e inquilinos. Os imóveis que possuem certificações ambientais reconhecidas são frequentemente mais valorizados por investidores conscientes das questões ambientais, que procuram reduzir o risco e melhorar a imagem corporativa, resultando em valores de mercado mais altos e taxas de ocupação mais elevadas.

Integrar a sustentabilidade na avaliação imobiliária requer uma adaptação das abordagens tradicionais para incluir parâmetros específicos relacionados com a eficiência energética e outros aspetos ambientais. Por exemplo:

-Na abordagem de mercado, método comparativo, ao utilizar comparáveis, o perito avaliador de imóveis certificado deve considerar as características sustentáveis dos imóveis. Propriedades semelhantes podem ter valores diferentes com base nas suas certificações ambientais e características de sustentabilidade.

-Na abordagem de rendimento, capitalização direta, os avaliadores devem ajustar as taxas de capitalização para refletir a redução dos custos operacionais em imóveis sustentáveis, bem como devem considerar a potencial valorização devido a uma maior procura.

-Na abordagem de custo, os avaliadores imobiliários devem incluir os custos adicionais de implementação de práticas sustentáveis e materiais, bem como considerar a depreciação reduzida associada a tecnologias mais duráveis e eficientes.

Um dos principais desafios na integração da sustentabilidade na avaliação imobiliária é a falta de dados históricos suficientes para prever com exatidão os impactos a longo prazo. Além disso, a diversidade de padrões e certificações pode dificultar a comparação direta entre imóveis. No entanto, a crescente consciencialização e procura por sustentabilidade criam oportunidades para os avaliadores de imóveis. Ferramentas e tecnologias emergentes, como modelos de análise de ciclo de vida e software de avaliação energética, podem fornecer dados mais corretos e facilitar a incorporação de práticas sustentáveis na avaliação imobiliária.

A integração da sustentabilidade na avaliação imobiliária é uma evolução necessária e benéfica para o setor. Ao reconhecer e valorizar as características sustentáveis, os avaliadores podem fornecer avaliações mais precisas e relevantes, alinhadas com as tendências atuais e futuras do mercado. Esta abordagem não só promove a eficiência e a responsabilidade ambiental, mas também contribui para a criação de um ambiente construído mais sustentável e resiliente.

Este artigo foi elaborado por João Fonseca, perito avaliador de imóveis e perito aval\iador de máquinas e equipamentos, registado na CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) com o registo PAI/2010/0019, membro 7313161 do RICS (Royal Institution of Chartered Seurveyors), RICS Registered Valuer, membro da TEGoVA e European Registered Valuer REV-PT/ASAVAL/2023/8, Vogal do Conselho Fiscal, Disciplinar e Deontológico da ANAI (Associação Nacional de Avaliadores Imobiliários), Perito da Bolsa de Avaliadores da Câmara Municipal de Lisboa, Associate Thinker no blogue out-of-the-boxthinking.blogspot.pt. É coautor do livro “Reabilitação urbana sustentável”, ISBN 978-989-8414-10-6. Possui uma Pós-Graduação em “Gestão e Avaliação no Imobiliário” pela Católica Porto Business School e tem o curso de formação em “Avaliação Imobiliária” pela Escola Superior de Atividades Imobiliárias. Tem escritórios na Rua Pinto Bessa, 522, RC, Centro, Esquerdo, 4300-428 Porto e na Rua Visconde de Santarém, 75 C, 1000-286 Lisboa. É formador em avaliação imobiliária na empresa Domínio Binário. A Lei n.º 153/2015 de 14 de setembro regula o acesso e o exercício da atividade e a profissão dos peritos avaliadores de imóveis que prestem serviços a entidades do sistema financeiro nacional.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *